sexta-feira, 29 de abril de 2011

LAU SIQUEIRA

A VIDA ÍNTIMA DOS POETAS
Lau Siqueira



O que você gostaria de ser se não fosse poeta?
Jardineiro - o que é a mesma coisa.

Quando você era criança, tinha mais medo de palhaço ou do Papai Noel?Fui criança em Jaguarão-RS (fronteira com o Uruguay) em plena ditadura. Do outro lado do rio moravam os Tupamaros. Minha bela cidade era uma das “áreas de segurança nacional”. Nem para prefeito se votava. Cresci com medo de pensar. Não acreditava em Papai Noel, mas tinha medo dos palhaços que estavam no poder. Chorei, certa vez, numa visita do palhaço Carequinha à cidade. Tinha medo da direita feroz que lá habitava e que ainda dá sinal de vida com atitudes racistas, como a que aconteceu recentemente com um esudante baiano, da Unipampa. Uma vergonha que não pode ficar impune.

Como foi a sua primeira vez?
Me perdi. Era tarde demais pra ser sozinho...

Qual a cor da parede do seu banheiro? Foi você que escolheu? Por quê?Branca... mas, não escolhi. Foi o banheiro que me escolheu. Deve ter gostado do que viu.

Você usa condicionador ou apenas lava com shampoo?
Uso água. O resto é detalhe.

Qual o seu mestre espiritual?
Maiakóvski.

O que não pode faltar na sua geladeira?
Vinho. Poesia. Gelo. Solidariedade. Água. Emoção. Frutas. Volúpia. Ovo. Bons livros. Adesivo na porta. Curiosidade. Espinafre. Meu lap-top. E principalmente energia elétrica... ahhh... Sazon e algum pote de dúvida.

Qual a sua dica para manter a forma?
Eu caminhava na praia. Até perceber que caminhar na praia envelhece e engorda. Afinal, só tinha velhinho e gordinho caminhando. Pra manter a forma, hoje, tomo cerveja e como pastel de forno, antes disso cachaça com buchada de bode ou rabada. Depois estico meu olhar para as invisibilidades e respiro minhas dificuldades no facebook ou no meu blog.

Você lambe o recheio da bolacha recheada?
Nãnnn! Eca! Sou mais um escondidinho com charque e pimenta malagueta.

Como seria o réveillon dos seus sonhos?
Primeiro eu mudaria a data. Seria dia 21 de março, Dia Internacional da Poesia - que coincide com meu aniversário. Todo mundo dormindo tranquilo, como num dia comum. Sem fogos, sem bebedeira, sem mega-show, sem acidentes, sem assaltos, sem ladrões planaltinos, sem Rede Globo, sem corruptos mirando da esquina, sem analfabetismo político, sem grupos de extermínio, sem fome, sem crianças dormindo na rua, sem homofobia, sem racismo, sem muros... Enfim, continuo sonhando.

Existe ouro no final do arco-íris?
Existe, uai! Pelo menos foi lá que deixei o meu.

Qual instituição de caridade você ajudaria se ganhasse R$ 1 milhão no Big Brother?
A recém criada SEBB – a Sociedade de Extinção do Big Brother. Aquilo é uma degola moral.

Chico Xavier ou Chico Buarque?
Chico Doido do Caicó, ou então o meu querido amigo Moacy Cirne.

Qual o modelito perfeito para o lançamento de um livro?
Cueca janjão e algum pano de bunda por cima. No máximo, como assessório, uma sacolinha de estopa pra guardar o apurado das vendas.

Qual seria o seu discurso se ganhasse o Prêmio Nobel? E o Jabuti?
- Isso aqui é muito suspeito. Eu quero ser Boca do Inferno!

2 comentários:

  1. puxa, Lau, tu me fizeste lembrar que as crianças do pampa e da fronteira tinham mais medo dos "Tupamaros" que do "velho do saco"...

    ResponderExcluir
  2. É verdade, Sandra... rsrsrsrs... tempos bicudos aqueles.

    ResponderExcluir